O casamento do ministro do STF, Flávio Dino, marcado para o próximo sábado (30), promete ser um evento de grande destaque, só que ao sair a lista dos convidados, uma coisa chamou a atenção da mídia nacional, que foi a ausência do governador Carlos Brandão (PSB). Para quem conhece de perto a política maranhense, coisa que esse blog vem acompanhando bem nos últimos anos, sabe que a ausência de Brandão não é mera coincidência, mas sim o reflexo de um rompimento político que vem se desenrolando desde novembro de 2022.
A relação entre Dino e Brandão, que já foi de grande proximidade, começou a se deteriorar após as eleições estaduais de 2022. A primeira grande quebra de confiança ocorreu na eleição para presidente da Assembleia Legislativa em 2023, quando Brandão, atuou como "força externa" para eleger Iracema Vale (PSB) em detrimento de Othelino Neto (PCdoB), contrariando um acordo prévio com Dino.
A partir daí, a situação só piorou. Seguiram-se exonerações e perseguições contra aliados de Dino, que denunciaram tratamento hostil. A tensão aumentou ainda mais durante o período em que Dino foi ministro da Justiça e Segurança Pública, com Brandão descumprindo acordos importantes, como a indicação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), onde colocou seu próprio sobrinho, Daniel Brandão.
A maior traição, no entanto, pode estar por vir. Brandão afirmou que permanecerá no governo até o final do mandato, impedindo que o vice-governador Felipe Camarão (PT) assuma a gestão por seis meses, como havia sido prometido. Essa decisão não só fere a confiança de Dino, mas também a do presidente Lula, que apoiou a união eleitoral no Maranhão com a expectativa de ver um petista no comando nos últimos seis meses.
Flávio Dino, que deu a Brandão oito anos como vice-governador e quatro anos como governador, percorreu o Maranhão em 2022 para reeleger Brandão, acreditando que todos os acordos seriam cumpridos. No entanto, Brandão passou a governar para aqueles que não o apoiaram, prestigiando figuras políticas que não votaram nele e perseguindo os dinistas.
Assim, aguardamos as cenas dos próximos capítulos desta novela histórica da política maranhense, onde a ingratidão e a traição parecem ser os protagonistas. Como diz o ditado popular nordestino, "quem planta vento, colhe tempestade".